sábado, 12 de março de 2011

   


  TEJO     (fado)

Este meu tejo marítimo
que todo o rio cheira a mar.
Amar que me leva à Barra
dos rios que nascem na foz,
este meu rio que é tapete
de meus tantos devaneios,
que faz parte do meu xaile,
caravela que me sulca
ocultas índias em mim,
este Tejo a que me abraço
neste corpo em que me vejo
é aquele que vos conto
nestas minhas mãos abertas.
                                                                       


 Ana Maria de Portugal - 2010

BALANÇA


Às minhas filhas


BALANÇA


Tão perto de vós
Quão longe já sou
Tão perto do chão
Como do telhado
Quão perto dos Anjos
Como do Diabo

É a chuva que molha
E o sol que me seca
Qual desatinada
Sem saber onde peca
Aqui, ali, além
Procuro em vão
O que me dão
E o que não me dão ...








( Ana Maria de Portugal )

LEMBRANÇA




Como perdoar-te ter`s me querido
fosse como fosse e porque tempo?
Como agradecer-te o sequer apetecido
que não sabe quanto alcança e esquece
deveria afundar em sonho brando
o que foi inesquecido por nós dois?
Como fugir ao esquecimento que nos trouxe
o que ora me lembra--- nos lembra?---em demasia?

Este embalo de pensar me dói e acaricia
__ pensar que foi, sonhar que volte um dia.




(Ana Maria de Portugal)



Mar -Predador




Mar de meus olhos tão profundo
Mar de infinit` alegria e dor
Mar de todo o fogo que há no mundo
Mar de seus amantes predador
Será que sacias tua fome
Nessa presa engolida em teu fulgor
Será que tua onda abraça e come
Por amares quem te ama até à dor?



Ana Maria de Portugal)

A / BRAÇOS DE LISBOA





Agua que vens galgando em largos passos
teu caminho de pedra até Lisboa
também abres os braços
aos espaços
a`spaços habitados por quem voa

Mas quem voa não deixa senão traços
de um efémero silvo que atordoa
os aéreos espaços
sobre os passos


de pedra com que vens até Lisboa


(Ana Maria de Portugal)


Março de 2011

sexta-feira, 11 de março de 2011

Versaria & Companhia: "O Sonho do Infante" Tisnada a pele, os olhos ...

Versaria & Companhia: "O Sonho do Infante"



Tisnada a pele, os olhos ...
: "'O Sonho do Infante' Tisnada a pele, os olhos alongados No mar que ruge em volta ao promontório O Mestre sonha com`s heróis passados Da ..."

O SONHO DO INFANTE

"O Sonho do Infante"



Tisnada a pele, os olhos alongados
No mar que ruge em volta ao promontório
O Mestre sonha com`s heróis passados
Da nobre ORDEM que o grave Consistório
Lhe entregara para maior glória
DE CRISTO
ser e sua história...

Ana Maria de Portugal

SINCRONICIDADES




Por definição
duas paralelas
nunca se encontram.

A geometria é uma ciência...

Mas por ser poeta
sei
que às vezes
nas curvas do tempo
as paralelas resvalam
e tocam-se

Esta é a história
da música
dos versos
dos encontros.

E desta minha saudade
Da vida.


Ana Maria de Portugal

domingo, 6 de março de 2011

A PALETA


A PALETA - Soneto /reconstrução
A PALETA



Porque o sol se levanta vou vivendo
Em verdes e castanhos num crescendo
Cobrindo de outros tons o meu enlevo
.Em azuis e magentas me descrevo

Este negro vestir a que me prendo
É cor com que, afinal eu sempre escrevo
Pois nunca sei se devo ou se não devo.
Embora, não sabendo, vá sabendo.

Não sou uma paleta das ideias
Mas apenas matriz da gestação
Como se fora leito dos grafismos

Que nascem porque bate um coração
Escondido por entre silogismos.
Que são o som da cor das minhas veias.


( Ana Maria de Portugal

)

2010

VÓZ

VOZ

Há uma voz velada
Que me sonha
E quanto mais me dá
Mais me retira
E quanto mais me leva
Mais me prende.

Até que já não veja
Nem respire
E seja só o sonho
Dessa Voz.


( Ana Maria de Portugal)

2010

Versaria & Companhia: Prece ao Tempo

Versaria & Companhia: Prece ao Tempo: "PRECE AO TEMPO Quero agarrar a sombra Com toda a força que tiver Sombra d`um passado/presente E que não mente Para além do que houver. T..."

Prece ao Tempo

PRECE AO TEMPO




Quero agarrar a sombra
Com toda a força que tiver
Sombra d`um passado/presente
E que não mente
Para além do que houver.
Tempo impiedoso
Que tenta asbatê-la
Sem se lembrar que o passado
Às vezes torna a vida bela
Não me faças correr contigo
Na louca correria para o infinito
Sem nada ter p`ra procurar
Sem nada ter para mudar
Conserva-me na estufa
Da natureza- morta
Até um dia poder desabrochar!



(Ana Maria de Portugal)

( aos 20 anos)




SER AVÓ




Ser avó é

Viver melhor o há muito tempo
Sentir fortemente o advento
O sublimar da vida n`um momento