A PEQUENA POÇA
Eu sou um rio
não mais
do que a bolha de água
que os deuses
sorvem
com uma palhinha
não sou um rio farto
dos que se espraiam
nas margens
e são falsos
escondendo na terra
como a toupeira
a vergonha do egoísmo
eu falo a linguagem
da miséria
da pequena poça
do afluente de aldeia
correndo
seco
para a voracidade
dos grandes mares
que se perdem
no infinito
das artérias
de Deus
(Ana Maria de Portugal)
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